domingo, 1 de junho de 2008

01/06/2008 - 13h50
Israel e Hisbolá trocam prisioneiro e mortos através da Cruz Vermelha

Beirute/Jerusalém, 1º jun (EFE).

Israel e o grupo xiita libanês Hisbolá realizaram hoje uma nova troca através da Cruz Vermelha na qual um espião colaborador do Hisbolá, preso em Israel, foi trocado pelos restos mortais de soldados israelenses mortos no conflito de 2006.Em declarações à emissora libanesa "Al-Manar", vinculada ao Hisbolá, um porta-voz do grupo afirmou que eles entregaram hoje ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) os restos mortais de vários soldados israelenses que estavam em poder do grupo desde o conflito de 2006, no Líbano, entre Israel e os milicianos do grupo xiita.Esta ação aconteceu de forma simultânea com a chegada ao Líbano de Nesim Nasser, um libanês que passou seis anos em uma prisão israelense acusado de espionagem e colaboração com o Hisbolá e que hoje foi libertado pelas autoridades israelenses.O porta-voz do Hisbolá, Wafik Safa, disse que a libertação de Nasser entra para a história de uma troca entre prisioneiros com Israel, que inclui a devolução de restos mortais de soldados israelenses que haviam ficado no Líbano após o conflito de 2006.Embora Safa não tenha esclarecido, parece que estes restos mortais não pertencem aos soldados Ehud Golwasser e Eldad Regev, cuja captura pelo Hisbolá em julho de 2006 culminou na guerra com Israel, que se prolongou até meados daquele ano.Médicos militares e rabinos submeterão os restos mortais à análise de identificação antes de trasladá-los para o Instituto de Medicina Legista Abu-Kabir, em Tel Aviv, para efetuarem testes adicionais, indicou o Exército em comunicado.Por ocasião da chegada de Nasser, o Hisbolá organizou um ato com centenas de participantes da localidade de Nakura, na fronteira com Israel, à qual não se deslocou nenhuma autoridade libanesa.Logo após a chegada ao território libanês, Nasser dirigiu algumas palavras aos partidários do Hisbolá e expressou seu agradecimento ao chefe do grupo, o xeque Hassan Nasrallah."Parabéns a todo o Líbano e a Hassan Nasrallah - disse Nasr. Caso Deus queira em breve veremos o retorno de todos os detidos em prisões israelenses para o território libanês".Por sua parte, o representante do Hisbolá para o sul do Líbano, o xeque Nabil Kaouk, afirmou que a "libertação (de Nasser) é um orgulho para o país e responde à promessa que Nasrallah fez de que todos os prisioneiros de Israel retornariam para suas casas"."Apesar da situação interna, o Hisbolá não esqueceu do assunto dos prisioneiros, que é uma prioridade. Não haverá soberania, liberdade e dignidade total para o Líbano enquanto houver qualquer libanês em prisões israelenses", acrescentou.Nasser, filho de libanês e israelense e convertido ao islã, foi condenado a seis anos de prisão em 2002 após ser declarado culpado de espionagem.Na semana passada, fontes libanesas e israelenses informaram que nas próximas semanas Israel poderia libertar Samir Kuntar, preso no país por assassinato e espionagem, e outros quatro membros do Hisbolá, além de devolver à milícia os restos mortais de dez de seus membros mortos em combate.Em troca, Israel obteria a devolução dos soldados capturados pelo Hisbolá em julho de 2006, e dos quais ainda não se sabe se estão vivos ou mortos, já que é possível que eles tenham sido gravemente feridos no momento em que eram capturados.Nasrallah afirmou na última segunda passada em um comício que Kuntar "em breve estará entre seus irmãos".Por outro lado, Omran Nasser, o irmão de Nesim Nasser, declarou ao jornal libanês "L'Orient Le Jour" que "há um mês o Ministério do Interior israelense notificou que ele (seu irmão) seria expulso do país e que tirariam dele sua permissão para residir no país, bem como os seus direitos"."O retorno do meu irmão ao Líbano faz parte do acordo global que está sendo finalizado entre Hisbolá e Israel através da Alemanha. O retorno de Nesim é um gesto de boa vontade de Israel", acrescentou.Por sua vez, o ministro de Assuntos Exteriores alemão, Frank-Walter Steinmeier, em visita a Beirute, assinalou que a troca "cria uma nova dinâmica nas negociações secretas" entre ambas as partes e, segundo ele, transcorre em um clima de confiança.

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