América do Sul cria órgão para integrar continente
Do G1, em Brasília
Presidentes de 12 países da América do Sul criaram oficialmente nesta sexta-feira (23) um órgão que tem como principal objetivo integrar o continente. A União Sul-Americana de Nações (Unasul) foi instituída durante reunião dos governantes em Brasília, na qual foi assinado, por unanimidade, o tratado de criação. A presidência do órgão será alternada entre os presidentes dos países membros. Cada mandato será de um ano. A primeira presidente escolhida foi a chilena Michelle Bachelet. Entenda o que é a Unasul
Apesar da oficialização da Unasul, o Conselho de Defesa Sul-Americano ainda não foi criado. Os países acharam mais conveniente criar um grupo de trabalho para concluir em 90 dias a proposta de criação do Conselho, como desejava o Brasil. Para o presidente Lula, o grupo de trabalho será importante para atender aos diferentes interesses dos países da região. Os presidentes não consideraram o adiamento da criação do Conselho como um "fracasso".
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'Alma lavada'
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou estar de “alma lavada” com a oficialização da União Sul-americana de Nações (Unasul) a partir da assinatura do tratado de criação nesta sexta. Para o presidente, a formalização da organização é um marco importante da integração da região. A formação da Unasul começou a ser debatida em 2004 na cidade de Cuzco, no Peru. “Estou de alma lavada porque parecia impossível há quatro anos nós três estarmos na mesma mesa comunicando que demos passo importante na criação da nação sul-americana”, afirmou Lula, ao lado dos presidentes da Bolívia, Evo Morales, e do Chile, Michelle Bachelet. Lula destacou que o tratado não significa que os membros tenham de abrir mão da soberania nacional. Ele mencionou o modelo da União Européia como o ideal a ser seguido pela nova entidade sul-americana. O presidente brasileiro destacou que, quando países europeus tiveram posições divergentes sobre a guerra no Iraque, a adoção do Euro ou a Constituição única, não houve enfraquecimento da organização. Para Lula, apesar de não ter dinheiro para ajudar os países mais pobres, como ocorreu na União Européia, a Unasul tem todas a condições de ampliar a integração dos países, fazendo com que a América do Sul dê um “salto gigantesco no desenvolvimento econômico e social”.
Um ano
Presidente da Unasul por um ano, Bachelet destacou que foi acertado um regime transitório para a organização até que todos os congressos referendem o acordo assinado nesta sexta-feira. Para ela, a integração é um meio para “melhorar as condições de vida da população”. Segundo a presidente chilena, a intenção é realizar encontros periódicos entre os chefes de estado da Unasul para aumentar o nível de discussão política na organização. O objetivo é evitar e prevenir conflitos, como o registrado entre Colômbia, Equador e Venezuela. “O diálogo franco é o melhor mecanismo de buscarmos uma relação de respeito.”
Entenda o conflito entre Venezuela, Equador e Colômbia
O presidente da Bolívia afirmou que, com a entidade, será possível encontrar soluções conjuntas para problemas mundiais, como a crise dos alimentos. Morales acredita que a união dos países sul-americanos ajudará também no aproveitamento do potencial energético da região.
Integração
Os países da União Sul-americana das Nações (Unasul) criaram um grupo de trabalho para concluir em 90 dias a proposta de criação de um Conselho de Defesa Sul-americano, como deseja o Brasil. Para o presidente Lula, o grupo de trabalho será importante para atender aos diferentes interesses dos países da região. Os presidentes não consideraram o adiamento da criação como um "fracasso". Em entrevista coletiva após a reunião em que foi oficializada a criação da Unasul, a presidente do Chile, Michelle Bachelet, que assumiu a presidência da organização, anunciou a formação do grupo para analisar a proposta do Conselho. “A proposta será analisada por meio do mecanismo de grupo de trabalho que em 90 dias concluirá a proposta feita pelo presidente Lula, dando a ênfase de cada país”, afirmou Bachelet.
Amazônia
Bachelet manifestou apoio do Chile à proposta, mas ressaltou que é preciso debater melhor o tema devido à diversidade da região. Para a presidente chilena, a criação do grupo de trabalho não pode ser interpretada como um fracasso porque o tema segue em discussão pelos países. O presidente Lula destacou que temas envolvendo vários países geralmente são discutidos por vários meses antes de se tornar um fato concreto. “Precisamos ter nosso setor de defesa pensando conjuntamente e isso só será possível se nós criamos um instrumento. O que foi aprovado no encontro é uma coisa importante porque teremos em 90 dias a proposta final do Conselho de Defesa.” Lula destacou a necessidade de integração para que os países sul-americanos possam planejar de forma conjunta a defesa da Amazônia, do Pacífico, do Atlântico e do Mar do Caribe.
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