quinta-feira, 25 de setembro de 2008




Chega de cólica menstrual!



Chega de cólica!A menstruação se aproxima e, com ela, para muitas mulheres, um doloroso tormento - que um novo remédio promete espantar para sempre. Por que todo mês parece ser sinônimo de sofrimento? O que mais pode trazer alívio?

por ADRIANA TOLEDO
design GIOVANNI TINTI

São poucas as felizardas que passam pelo período menstrual ilesas, isto é, sem dor nenhuma. Para a grande maioria, a fase é um suplício. Entre 70 e 90% das mulheres sofrem de dismenorréia a popular cólica. Para metade das que se queixam de dor, a sensação é tão forte que chega a ser incapacitante, impedindo que consigam trabalhar ou estudar direito, revela o ginecologista César Eduardo Fernandes, da Faculdade de Medicina do ABC, em Santo André, na Grande São Paulo.
As principais vítimas, segundo Fernandes, são as adolescentes por volta dos 13 anos. Essa é a época em que os ovários amadurecem e estréiam em sua função de liberar um óvulo por mês. A maior parte dos episódios de dor tem origem primária, ou seja, é decorrente do ciclo normal, e não de uma alteração orgânica extraordinária, explica o ginecologista Jorge Souen, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
O tratamento convencional, com antiespasmódicos, antiinflamatórios ou até mesmo anticoncepcionais, costuma dar conta do recado. Só que, em geral, não tão rapidamente quanto desejariam as mulheres que mensalmente se contorcem em contrações pélvicas nada agradáveis. Recentemente, o laboratório Boehringer Ingelheim lançou um remédio em cápsula-gel à base de ibuprofeno, um antiinflamatório não-hormonal indicado para aliviar a situação. A vantagem? Ele age com velocidade, como se fosse um medicamento líquido, mas tem a praticidade de uma cápsula, resume Ricardo Amorim, gerente de grupo de produtos da linha gastrointestinal da empresa. O comprimido comum leva cerca de duas horas para atingir seu efeito pleno, enquanto a nova fórmula começa a ser absorvida em 20 minutos e leva no máximo uma hora para eliminar de vez o desconforto, garante.
Comparada com suas congêneres, a droga que acaba de ser lançada tem menor concentração do princípio ativo e maior ação analgésica. É importante ressaltar, no entanto, que, se a dor persiste apesar do remédio ou aparece em idade mais avançada, é preciso investigar eventuais causas secundárias, como a endometriose — quando o revestimento do útero cresce para fora desse órgão , infecções ou mioma uterino, um tumor benigno. Ou seja, a cólica para quem já passou da adolescência é um bom motivo para não adiar a ida ao ginecologista.
Como se não bastasse todo o transtorno provocado pela cólica, geralmente ela não vem sozinha. Dores nas costas e de cabeça, entre outros sintomas, estão relacionadas às prostaglandinas, e podem dar as caras em mulheres mais suscetíveis durante o período menstrual, observa Jorge Souen. Segundo o médico, como tudo tem a mesma origem, os tratamentos indicados para combater a dor pélvica costumam resolver também esses outros desconfortos.
Na hora de escolher o tratamento, o histórico da paciente e o exame ginecológico nos fornecem boas pistas para acertar, diz o ginecologista Eduardo Schor, da Universidade Federal de São Paulo. Segundo ele, se a percepção é de uma dor leve, um antiespasmódico pode dar conta do problema. Por outro lado, as cólicas mais fortes requerem os tais antiinflamatórios não-hormonais. Se nem eles funcionarem, o jeito será recorrer ao anticoncepcional.
Mulheres que não respondem bem às medicações habituais ou têm intolerância a certos tipos de droga podem ainda lançar mão do estímulo elétrico transcutâneo do nervo, recurso da fisioterapia em que eletrodos transmitem correntes de baixa freqüência, conta Sonia Tamanaha. Ela explica ainda que os médicos, além de acertar na saída terapêutica, devem avaliar como aplicá-la. Na maioria dos casos, os antiinflamatórios são indicados para o início do ciclo menstrual e seu uso deve se prolongar por até três dias. Já para as pacientes que têm dor muito intensa, a recomendação poderá ser engolir o medicamento um ou dois dias antes do início da menstruação, exemplifica.
Em geral, para minimizar efeitos adversos, como irritação do estômago e do intestino, o melhor é ingerir a medicação após as refeições. Aliás, as vítimas de cólicas menstruais podem encontrar outros aliados à mesa. Uma dieta rica em vegetais, vitaminas B1, B6 e E, além de gordura proveniente dos peixes, reduz a severidade das dores, garante a ginecologista.
Sérgio Ribeiro, ginecologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo, recomenda evitar estimulantes como o café, o chocolate e os refrigerantes à base de cola, já que contêm cafeína, substância que contrai os vasos do endométrio, aumentando o mal-estar. Por fim, se você fuma, largue o cigarro se pretende viver com menos dor. E, se está muito acima do peso ideal, trate de emagrecer. Há uma relação entre esses fatores e a dor pélvica menstrual, informa o ginecologista Eduardo Schor.

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